quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Doenças e Desequilíbrios do Sistema Imunitário

O Sistema Imunitário preserva a integridade do corpo humano face ao seu ambiente, tendo um papel fulcral na defesa contra agentes infecciosos ou parasitários. Também previne certas desordens internas, nomeadamente destruindo células tumorais. Estes “combates” permanentes têm se ser controlados para que não se virem contra a própria pessoa. A intensidade das reacções imunitárias deve ser ajustada, ou seja, deve ser suficientemente intensa para a eliminação dos agentes patogénicos, mas não em demasia, prejudicando o indivíduo. Além disso, deve ser específica e adaptada ao agente patogénico. Por vezes, pessoas aparentemente semelhantes (mesmo sexo, idade, peso, boa saúde) reagem de modo diferente perante o mesmo agente patogénico.
Sabe-se que há pessoas que apresentam febre durante uma gripe ou mesmo depois de uma vacina, e outras não. Esta desigualdade é, por vezes, adquirida (desnutrição, idade, existência de patologias que perturbam o sistema imunitário); outras vezes tem uma componente genética, o que leva à produção de mediadores químicos que intervêm na imunidade de maneira diferente. Os mediadores químicos são diversos, exercendo um controlo mútuo complexo. Qualquer desequilíbrio nesses mediadores pode criar situações de anormalidade no funcionamento do sistema imunitário humano, por vezes graves. O sistema imunitário, desenvolvendo múltiplas acções complexas, pode, pois, desregular-se ou possuir algumas deficiências. Estas situações tornam o indivíduo muito vulnerável a infecções ou conduzem a reacções violentas contra elementos do ambiente normalmente tolerados.

- Alergias:

As alergias são reacções de hipersensibilidade a certos antigénios ambientais, os alergénios. Pólen, ácaros, pó, esporos, pêlo de animais, certos produtos químicos e alimentares, por regra inofensivos, são alergénios comuns para algumas pessoas desencadeando uma resposta aberrante do sistema imunitário. Esta resposta violenta pode acarretar consequências graves como lesões de tecidos e órgãos. A libertação de histamina (mediador químico) por algumas células de defesa desencadeia uma resposta inflamatória intensa que é responsável pelos sintomas de alergia, como, por exemplo, espirros, erupções cutâneas e contracção dos músculos das vias respiratórias. As alergias correspondem a estados de hipersensibilidade por parte do sistema imunitário podendo ser imediata ou tardia, como a alergia de contacto.

- Doenças Auto-Imunes:

Os linfócitos são normalmente tolerantes em relação aos antigénios do próprio indivíduo. Ao dar-se a maturação dos linfócitos T no timo, aqueles que apresentam uma forte afinidade para os antigénios do próprio indivíduo são eliminados ou ficam inactivados, impedidos de agir. O timo funciona, assim, como um crivo, que só deixa passar os linfócitos com pouca ou sem afinidade para os antigénios do próprio indivíduo (auto-antigénios), o que permite a tolerância em relação ao próprio. Um processo idêntico acontece com os linfócitos B na medula óssea. Diversas causas podem, no entanto, romper esta tolerância e, muitas vezes, o organismo produz anticorpos e células T sensibilizadas contra alguns dos seus próprios tecidos, o que provoca a lesão e alteração das funções dessas células. Certas doenças, como a diabetes insulinodependentes, a artrite reumatóide e a esclerose em placas, a lúpus e a alopécia são exemplos das inúmeras doenças auto-imunes existentes.

->Diabetes insulinodependentes: são destruídas as células do pâncreas que produzem insulina, chamadas ilhotas de Langerhans;

Fig.1 - Indivíduo a injectar-se com insulina.

->Artrite reumatóide: é caracterizada pela destruição da cartilagem articular pelo sistema imunitário, o que causa deformação das articulações;

Fig.2 - Vusualização de artrite reumatóide nas mãos desta senhora.

->Esclerose em placas ou esclerose múltipla: os linfócitos T destroem a mielina dos neurónios. Esta doença provoca alterações neurológicas, como por exemplo, perturbações sensitivas, formigueiros, falta de acuidade visual, desequilíbrio e dificuldades motoras dos membros inferiores;

Fig.3 - Representação da consequência da destruição da mielina dos neurónios.

->Lúpus: o sistema imunitário produz anticorpos contra vários tipos de moléculas próprias, incluindo histonas e DNA, é caracterizada por erupções da pele, febre, artrite e disfunção renal;

Fig.4 - Criança com lúpus.

->Alopécia: caracteriza-se pela redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma detrminada área da pele. Esta doença apresenta várias causas, podendo ter uma evolução progressiva, resolução espontânea ou controlada com tratamento médico. Pode ser provocada por factores hereditários, situações traumáticas, neuróticas entre outras;

Fig.5 - Indivíduo com alopécia areata subtotal.

- Imunodeficiência:

Existem indivíduos que apresentam diferentes deficiências no sistema imunitário. Os indivíduos que não possuem linfócitos T, ou têm défice dessas células, são muito sensíveis a vírus e a infecções bacterianas intracelulares, enquanto que aqueles que não possuem linfócitos B estão sujeitos a infecções extracelulares causadas por muitas bactérias e outros agentes. Há ainda casos em que se verifica a deficiência de fagócitos ou de outros intervenientes do sistema imunitário. Como todos os agentes do sistema imunitário interagem, desde que um deles falte, todas as linhas de defesa ficam perturbadas. A imunodeficiência pode ser congénita ou adquirida.

->Imunodeficiência congénita ou inata: a desordem mais séria do sistema imunitário é aquela em que os indivíduos não possuem linfócitos B nem linfócitos T. As crianças com esta deficiência são extremamente sensíveis à menor infecção e têm de viver isoladas, em ambientes completamente esterilizados. A deficiência considerada é devida a um funcionamento anormal da medula óssea, assim um enxerto de medula óssea compatível pode ser um tratamento eficaz, assim como a terapia génica;

Fig.6 - Criança a viver num meio esterilizado devido à imunodeficiência inata.

->Imunodeficiência adquirida: o caso mais paradigmático na actualidade é o da SIDA. O HIV, responsável por esta doença, infecta as células que possuem receptores sobre os quais o vírus se pode fixar. As principais células que possuem esses receptores são macrófagos e certos linfócitos T. A morte dos linfócitos T pela presença do vírus tem como consequência o enfraquecimento progressivo do sistema imunitário. Os vírus que se encontrem no interior de células infectadas escapam à acção dos anticorpos. Um indivíduo infectado pelo HIV reage à sua presença produzindo os anticorpos, sendo denominado por seropositivo, que mesmo sem a presença de sintomas clínicos pode transmitir o HIV, vírus da SIDA. É conveniente referir de forma breve como se dá a contaminação “silenciosa” do HIV, não desencadeando imediatamente uma doença aguda. No interior da célula hospedeira, o RNA viral é transcrito para DNA pela actuação da enzima transcriptase reversa e o DNA é integrado no genoma. Quando activo, o DNA viral dirige a produção de novos vírus que causam a destruição de célula hospedeira e infectam novas células. A diminuição progressiva do número de linfócitos T deixa o organismo muito susceptível a doenças oportunistas e a cancros. Ainda não existe, infelizmente, cura nem vacina para esta doença, mas a sua progressão pode ser retardada por drogas inibidoras da transcriptase reversa e das proteases e inibidores da ligação do vírus às células hospedeiras.

Fig.7 - Fixação dos vírus nas células.


O Homem é um ser de grande complexidade anatómica e funcional, onde cada célula faz parte de um tecido, estrutura que integra um dado órgão que, por sua vez, interage com outros órgãos para formar um sistema e que os diferentes sistemas de órgãos do corpo humano funcionam em harmoniosa interdependência e que o bom funcionamento de qualquer um deles, depende a saúde e qualidade de vida de cada um de nós. Um dos sistemas que constitui cada ser humano é o sistema Imunitário cuja função principal é proteger o organismo de cada indivíduo contra agentes agressores. Contudo, não é raro que esse sistema falhe ou que tenha algum tipo de deficiência, o que deixa o indivíduo vulnerável a vários agentes agressores ou a sofrer as consequências de reacções violentas contra elementos do ambiente normalmente tolerados.


Sónia Fernandes

5 comentários:

  1. o assunto e boa eas imagems tambem gostei desse blog

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  2. os assuntos são de +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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  3. meu nome e aline e e bom vcs informa as pessoas
    obrigada

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  4. Gostei muito bom artigo confira o meu blog tambem tem algumas: http://www.segurosaudemelhor.com/

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