sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

As bactérias que vamos "exterminar" e como...

Sendo já tempo de iniciarmos a realização da nossa actividade experimental, temos vindo a elaborar uma lista das substâncias necessárias e o orçamento associado à sua compra. A experiência consiste na preparação de um meio de cultura no qual depositaremos culturas de bactérias de diferentes espécies mas do mesmo género, obtidas em determinados medicamentos e, após permitirmos o desenvolvimento de colónias dessas bactérias, colocá-las sob a acção de diferentes antibióticos, registando periodicamente a reacção bacteriana. Tal procedimento permitir-nos-á concluir, em primeiro lugar, qual o efeito dos antibióticos sobre as bactérias e, em segundo lugar, distinguir a actuação e eficácia de diferentes antibióticos na mesma bactéria e, do mesmo modo, distinguir a resistência de diferentes bactérias a um mesmo antibiótico. Como as bactérias que pretendemos utilizar são do mesmo genéro, teoricamente, a sua reacção aos antibióticos não deverá divergir muito. No entanto, especialistas afirmam que o uso cada vez mais recorrente de antibióticos fez com que estes microrganismos desenvolvessem métodos de defesa e novas respostas a substâncias que anteriormente os podiam destruir com grande facilidade. Assim, esperamos que este procedimento experimental nos permita ainda concluir algo sobre esta temática.
As bactérias que iremos cultivar são Lactobacillus acidophilus e Lactobacillus casei, que serão obtidas, respectivamente, nos medicamentos Lacteol e Antibiophilus.
Lactobacillus acidophilus é uma bactéria importante para o homem. Quando combinada com diferentes microrganismos do seu tipo, intervém na fermentação láctea que permite produzir o iogurte (daí o prefixo “lacto” no seu nome científico). A sua temperatura óptima de desenvolvimento é de 30º C e deve a sua designação ao facto de sobreviver em ambientes de acidez bastante elevada. Sendo um bacilo, possui a forma de um bastonete. Esta bactéria está naturalmente presente no organismo humano e no de alguns animais, no trato intestinal, boca e vagina, não representando, portanto, qualquer perigo, o que nos permitirá manipulá-la em segurança. De facto, a sua presença no organismo é importante, pois, uma vez que a degradação do alimento por parte de L. acidophilus produz ácido láctico e peróxido de hidrogénio, o ambiente torna-se insuportável para microrganismos cuja presença poderia ser nociva ao ser humano. Além disto, esta bactéria produz substâncias que intervêm na nossa digestão e ajuda na separação da bílis de alguns aminoácidos que, deste modo, podem ser reaproveitados pelo organismo. Por outro lado, especialistas afirmam que a presença desta bactéria no corpo melhora a função intestinal e imunitária e diminui a ocorrência de infecções vaginais (o ácido que produz torna o meio hostil para o fungo que as provoca, o que leva ao aconselhamento de cuidado no uso de espermicidas, que destroem L. acidophilus) e dos níveis de colesterol. Tratamentos com antibióticos devem, pois, ser levados a cabo com cautela e apenas quando realmente necessários, uma vez que destroem não só as bactérias que nos fazem mal, mas também todas as que, como L. acidophilus, participam na nossa luta pela sobrevivência. Com efeito, são muitas vezes levados a cabo tratamentos de restabelecimento destas colónias de bactérias, após tomas de antibióticos. Importa referir que esta bactéria é destruída quando exposta a calor ou humidade excessivos e luz solar directa, pelo que são aspectos com os quais devemos ter cuidado aquando da realização da nossa experiência.
Lactobacillus casei, tal como a bactéria anterior, com a qual partilha todas as categorias taxionómicas superiores ao género, inclusive, produz ácido láctico no decorrer da sua actividade metabólica e habita o organismo humano, principalmente nos intestinos e na boca. O ácido que produz é, como já referido, importante para o homem, uma vez que impede a propagação de bactérias indesejadas. Além desta vantagem, sabe-se que este microrganismo melhora a função digestiva e reduz a incidência de intolerância ao leite e constipações. Industrialmente, é utilizada na produção de derivados lácteos, principalmente iogurtes e queijo. Actualmente, investigadores tentam a sua utilização na fermentação de feijões, afirmando que, após sofrerem tal processo, perdem os compostos causadores de flatulência durante a digestão.
Os antibióticos que vamos utilizar são Ceforal, Procef e Clamoxyl, cujas substâncias activas são respectivamente, cefadroxil, amoxilina e uma associação de amoxilina com ácido clavulânico.
A cefadroxil é uma substância anti-infecciosa e antibacteriana (sobretudo em relação a bactérias de gram positivo e negativo, classificação consoante a cor que adquirem quando coradas segundo a técnica de Gram para observação microscópica, respectivamente, roxo e vermelho), de forma molecular C16H17N3O5S, H2O. Pertence ao grupo das cefalosporinas, ao qual cerca de 10% dos doentes é alérgico. Está indicada no tratamento de infecções urinárias e do trato respiratório, da pele, tecidos moles e amígdalas. Entre as reacções adversas a esta substância, principalmente quando a dose necessária é elevada, encontram-se problemas do aparelho digestivo, como náuseas, vómitos e diarreia, alterações de enzimas hepáticas e da composição sanguínea e reacções anafilácticas. Doentes que já tenham apresentado hipersensibilidade a penicilinas ou com insuficiência renal devem optar por outras substâncias activas ou, se realmente necessário, reduzir a dose. A cefadroxil é absorvida no trato gastrointestinal e eliminada através da função urinária. Como atravessa facilmente a placenta e passa para o leite materno, deve ser administrada com cuidado por grávidas e lactantes.
A amoxilina é uma substância anti-infecciosa e antibacteriana, que actua por destruição da parede das bactérias, unindo-se a proteínas que sintetizam esta parede, deixando-as incapazes de levar a cabo a sua função biológica, de fórmula molecular C16H19N3O5S, quando anidra, C16H18N3NaO5S, quando sódica, e C16H19N3O5S, 3H2O, se triidratada. Consiste num pó branco e cristalino, especialmente indicado no tratamento de bronquites e amigdalites. É também absorvida no trato gastrointestinal e entre as reacções adversas a esta substância estão, novamente, problemas do aparelho digestivo, como náuseas, vómitos, diarreia e enjoo, sonolência, reacções anafilácticas (principalmente em doentes com hipersensibilidade à penicilina, asma, febre dos fenos e eczemas) e, em casos raros, convulsões e escurecimento da língua.
O ácido clavulânico é uma substância que não consiste directamente num antibacteriano ou anti-inflamatório, mas, associado a substâncias antibióticas, aumenta a sua eficiência contra bactérias mais resistentes. Este ácido resulta da actividade metabólica da bactéria Streptomyces clavuligerus.

Webgrafia:
• pt.wikipedia.org/wiki/Associação_amoxicilina/ácido_clavulânico (consultado a 08.01.09);
• www.propg.ufscar.br/publica/4jc/posgrad/resumos/0241-baptista.htm (consultado a 08.01.09);
• pt.wikipedia.org/wiki/Cefadroxil (consultado a 08.01.09);
• pt.wikipedia.org/wiki/Cefadroxil (consultado a 08.01.09);
• en.wikipedia.org/wiki/Lactobacillus_acidophilus (consultado a 08.01.09);
• en.wikipedia.org/wiki/Saccharomyces_boulardii (consultado a 08.01.09);
• pt.wikipedia.org/wiki/Amoxicilina (consultado a 08.01.09);
• pt.wikipedia.org/wiki/Ácido_clavulânico (consultado a 08.01.09)
• en.wikipedia.org/wiki/Lactobacillus_casei (consultado a 09.01.09).

Marta Mariano

1 comentário:

  1. Texto bom com informação pertinente.
    sugestões para tornar a leitura mais fácil ou agradável:
    - sistematizar a informação e organizá-la, se vantajoso, em tabelas ou gráficos;
    - usar listas;
    - pôr sub-títulos, separando as secções;
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    Observ.: as fórmulas têm de aparecer correctas; variar as fontes consultadas para confirmar informações.

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