domingo, 11 de janeiro de 2009

Notícia - Utilização dos antibióticos


Actualmente, muito se tem falado sobre o uso excessivo de antibióticos, muitos deles receitados em serviços de urgência nos hospitais, como os da Universidade de Coimbra. Publicamos de seguida uma notícia que refere as desvantagens deste uso abusivo e quais as alternativas e atitudes que se devem tomar para uma menor administração deste tipo de medicamentos, segundo o Ministério da Saúde.

"A contenção das resistências bacterianas aos antibióticos nos HUC deve merecer o empenho de todos os médicos que aqui trabalham já que, não sendo ainda um problema alarmante, se detectam sinais evidentes de que o possa vir a ser a curto prazo se não encontrarmos formas de melhorar a sua utilização.
O Serviço de Urgência é um local privilegiado para intervenção no domínio da racionalização do uso dos antibióticos visto que a sua prescrição tem consequências que ultrapassam os limites deste Serviço e mesmo do Hospital:
1- Sendo, naturalmente, um ponto de contacto com o exterior do Hospital, qualquer prescrição aqui efectuada influencia decisivamente a prática clínica em ambulatório e mesmo noutros Hospitais, tanto mais que os HUC são o centro de referência para a maioria da população da zona centro do país.
2- A imensa maioria dos doentes que procuram o Serviço de Urgência por doenças infecciosas têm alta para o domicílio medicados com antibióticos para aquisição nas farmácias públicas. Não encontramos por isso justificação para uma prática que, não sendo generalizada, se verifica por vezes e que consiste na administração de uma dose de antibiótico antes da alta do doente. Na realidade este procedimento só seria legítimo nas raras situações em que uma dose única de antibiótico fosse curativa, como por exemplo na blenorragia (1). Nos restantes casos serve apenas para dar uma falsa sensação de segurança ao médico e pode mesmo ter consequências negativas quando o antibiótico administrado não tem continuidade em ambulatório (exposição desnecessária a dois antibióticos e consequente risco de resistências).
3- Por outro lado, sendo a via principal de admissão de doentes nos HUC, a prescrição de antibióticos no Serviço de Urgência influencia o padrão de prescrição nas enfermarias já que, na imensa maioria das vezes, mesmo não se encontrando uma justificação clara, se continua a terapêutica ali instituída.
A flora bacteriana presente no doente que acorre ao Serviço de Urgência, se exceptuarmos os transferidos de outros Hospitais, é primordialmente composta por bactérias do ambulatório, sem os habituais problemas de resistências próprios da flora hospitalar. Consequentemente, não se justifica ali a utilização de alguns antibióticos que deveriam estar reservados para as infecções nosocomiais (2).
Por tudo isto entendemos ser urgente racionalizar a prescrição de antibióticos no Serviço de Urgência e para tal propomos, com o intuito de simplificar a prescrição, as seguintes medidas:
1- Elaborar uma lista de antibióticos (Quadro I) que constam do stock de medicamentos e como tal estão sempre disponíveis para prescrição sem restrições.
2- Os antibióticos que não constem desta lista podem ser prescritos mas sempre de forma individualizada e nominal (usando a folha de prescrição de antibióticos), responsabilizando-se os Serviços Farmacêuticos pelo seu fornecimento para um período máximo de 24 horas.
3- Os antibióticos que não constem do formulário nacional ou do formulário interno dos HUC devem continuar a ser prescritos com justificação clínica.
4- Apenas em casos excepcionais se justifica administrar no Serviço de Urgência antibióticos em doentes que têm como destino o ambulatório.
Sempre que se revele necessário estar normas serão revistas e actualizadas."

Quadro I
Antibióticos constantes do stock do Serviço de Urgência
Antibiótico Formulação
Penicilinas
Benzilpenicilina AMP 1.000.000U
Amoxicilina COMP 500mg
Amoxicilina/Clavulanato COMP 625mg; AMP 1,2g e 2,2g
Penicilina anti-Estafilocócica
Flucloxacilina COMP 500mg; AMP 500mg
Cefalosporina de 1ª geração
Cefazolina AMP 1g
Cefalosporinas de 2ª geração
Cefoxitina AMP 1g IV
Cefuroxima AMP 750 mg
Cefalosporina de 3ª geração
Ceftriaxona AMP 1g
Cefalosporina de 3ª geração
anti-Pseudomonas
Ceftazidima AMP1g
Quinolona
Ciprofloxacina COMP 250mg e 500mg; AMP 200 mg
Aminoglicosídeo
Netilmicina AMP 150mg
Macrólidos
Claritromicina AMP 500mg: COMP 250 mg
Tetraciclina
Doxiciclina COMP 100mg
Imidazol
Metronidazol AMP 500mg e 1g
AMP - ampolas
COMP- cápsulas ou comprimidos





(1) Blenorragia - A blenorragia é uma doença incluída na categoria das doenças sexualmente transmissíveis, sendo também designada por gonorreia, infecção gonocócica ou, em termos populares, esquentamento.
Esta patologia é desencadeada por uma bactéria, a Neisseria gonorrohoeae , de tipo Gram negativo, descoberta por Albert Neisser em 1879. Durante muito tempo esta infecção foi confundida com uma outra doença sexualmente transmissível, de origem bacteriana, a sífilis.

(2) Infecções Nosocomiais - Infecção hospitalar ou Infecção Nosocomial é toda infecção (pneumonia, infecção urinária, infecção cirúrgica, ...) adquirida dentro de um ambiente hospitalar. A maioria das infecções hospitalares são de origem endógena, isto é, são causadas por microrganismos do próprio paciente. Isto pode ocorrer por fatores inerentes ao próprio paciente (ex: diabetes, tabagismo, obesidade, imunossupressão, etc.) ou pelo fato de, durante a hospitalização, o paciente ser submetido a procedimentos invasivos diagnósticos ou terapêuticos (cateteres vasculares, sondas vesicais, ventilação mecânica, etc.). As infecções hospitalares de origem exógena geralmente são transmitidas pelas mãos dos profissionais de saúde ou outras pessoas que entrem em contato com o paciente.

Para mais informações sobre esta doença e infecção, clique nos seguintes links:
http://www.infopedia.pt/$blenorragia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%A3o


Sónia Fernandes

1 comentário:

  1. No blog, os documentos que não forem escritos pelos alunos devem surgir como hiperligação. Para poder ser contabilizado para avaliação, o aluno pode sempre escrever um texto sobre o assunto

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